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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

OS SUBTERRÂNEOS DO BLUES E SEUS CÓDIGOS DE ACESSO

O Blues pode ser tratado de diversas formas, ou seja, do ponto de vista de sua estética musical, de seus músicos, de seus compositores, de seus cantores, das suas diversas lendas, das suas raízes etc. Enfim, todas essas variantes compõem a apaixonante história do mano Blues. Todos aqueles envolvidos com esse gênero musical direta ou indiretamente têm suas histórias particulares em que o Blues perpassa e deixou suas marcas e por meio desse se expressaram.

 Nem tudo veio para a grande mídia, muito de suas intimidades e segredos não vieram à tona e dependendo da situação não poderiam vir, permanecendo acessíveis somente a aqueles digamos assim, que o cultivavam. Dos códigos compostos em formas de músicas, um “Senhor Escravista, ou um Capataz, jamais poderiam ter acesso”. Esses posicionamentos do negro iriam influenciar a futura estética musical do Blues. A trama acontecia, o que se via ou se ouvia publicamente poderia não ser aquilo que se pensava ser, pois desse subterrâneo do Blues nem todos tinham o código de acesso. A dissimulação, o estar atento, uma boa dose de malícia, a criatividade, o improviso, o sentimento, a paixão e a musicalidade desde então passaram a ajudar a tecer esse formidável subterrâneo Blues. O depoimento de Campbell E. Simemms, em jazzmen, é esclarecedor:

“Os negros trabalhavam e cantavam juntos e muitas destas canções tinham um significado que só eles atingiam. Para o branco esses cantares traduziam a paz e a satisfação do escravo, mas para os negros isso não passava muitas vezes de um meio de trocar mensagens. << É melhor ires andando por aquela estrada abaixo – filho –  melhor ires andando por aquela estrada abaixo. O Senhor Charlie da cidade não se sente bem – é melhor aliviares essa pesada carga>> - a canção era recebida e passada de uns para os outros através dos campos. Queria simplesmente dizer  que um homem branco de outra cidade acabava de chegar à plantação e que era melhor que o jovem negro que trabalhava entre eles, zelosamente escondido dos brancos na <<casa grande>>, deixasse a cidade. Era freqüente entre os negros darem asilo aos seus irmãos perseguidos que vinham pedir-lhes refúgio e, na altura própria, comunicavam-lhe em código a urgência em abandonar a plantação nessa noite. Tais letras misturadas nas canções conhecidas tinham um enorme significado para ouvidos negros”.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Jackson do Pandeiro: Eu só boto Be-Bop no meu Samba quando o tio San tocar o tamborim

A Biografia de Jackson do Pandeiro pode ser encontrada no site:
http://www.jacksondopandeiro.digi.com.br/

Músicos que o acompanharam como Dominguinhos e Severo dizem que ele era um grande “sanfoneiro de boca”, o que significa que apesar de não saber tocar o instrumento ele fazia com a boca tudo aquilo que queria que o sanfoneiro executasse no instrumento. O fato de ter tocado tanto tempo nos cabarés aprimorou sua capacidade jazzística. Também é famosa a sua maneira de dividir a música, e diz-se que o próprio João Gilberto aprendeu a dividir com ele.  

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

João do Vale, mostrou para nós um outro Brasil, Carcara, pega mata e come!

Mais informações sobre a Biografia de João do Vale pode ser acessada no site:
 http://www.mpbnet.com.br/musicos/joao.do.vale/

Em 1964 estreou como cantor no restaurante Zicartola, onde nasceu a idéia do show Opinião, dirigido por Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, que foi apresentado no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro. Dele participou, ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso de sua música Carcará (com José Cândido), a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora. Como compositor, em 1969 fez a trilha sonora de Meu nome é Lampião (Mozael Silveira). Depois de se afastar do meio musical por quase dez anos, lançou em 1973 Se eu tivesse o meu mundo (com Paulinho Guimarães) e em 1975 participou da remontagem do show Opinião, no Rio de Janeiro.

sábado, 17 de setembro de 2011

João da Baiana, Gente Nossa, Salve a Bahia!

A Biografia Completa de João da Baiana pode ser encontrada no site:
http://www.dicionariompb.com.br/joao-da-bahiana/biografia
Compositor. Pandeirista.

Filho de Félix José Guedes e Perciliana Maria Constança. Seus avós, ex-escravos tinham uma quitanda de artigos afro-brasileiros no Largo da Sé. Sua mãe, conhecida pelo nome de Tia Perciliana, era baiana, donde surgiu seu apelido, João da Baiana, para distingui-lo de outros Joões do bairro. Foi criado na Rua Senador Pompeu, no bairro da Cidade Nova, onde tomou lições de cartilha com D. Maria Josefa. Na infância, teve como companheiros os futuros compositores Donga e Heitor dos Prazeres. Seus pais constantemente promoviam festas de candomblé, para as quais deviam tirar licença com o chefe de polícia, pois na época o samba, a batucada e o candomblé eram manifestações proibidas.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Conosco, Para Sempre, Mestre Pixinguinha

A Biografia Completa de Pixinguinha pode ser acessada no site:

De 1919 a 1921 o grupo fez uma turnê no interior e capital de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco. De volta ao Rio, começaram a tocar no Cabaré Assírio, no subsolo do Teatro Municipal. Foi lá que conheceram Arnaldo Guinle, milionário e fã do grupo que patrocinou uma temporada para os Oito Batutas em Paris. Impossibilitados de sair da cidade, os irmão Palmieri e Luiz Pinto da Silva foram substituídos por Feniano, José Monteiro e J. Thomás, respectivamente, sendo que J. Thomás adoeceu, ficando o grupo reduzido a sete integrantes. Em 29/1/1922 eles embarcaram para a Europa, mas com o nome de Os Batutas (em francês "Les Batutas"). O sucesso foi imediato, mas a ida do grupo causou polêmica. Muita gente se sentiu honrado pela representação do Brasil lá fora, outras pessoas preconceituosas se sentiram envergonhadas, "taxavam a viagem de desmoralizadora do Brasil e pediram até providências por parte do Ministro do Exterior."
A turnê estava programada para um mês, mas devido ao tremendo sucesso, acabaram ficando por lá 6 meses e só voltaram porque a saudade era grande. Os Oito Batutas voltaram com influência jazzística na bagagem. Pixinguinha ganhou um saxofone de Arnaldo Guinle que muitos anos depois iria substituir a flauta. Donga substituiu o violão pelo banjo e eles também incorporaram instrumentos ainda desconhecidos na música popular, como pistão, trombone e clarineta. Continuaram tocando no Assírio, e em vários outros locais, até que surgiu uma outra viagem, desta vez para a Argentina onde embarcaram, não se sabe ao certo, entre dez/22 e abril/23. Novamente o grupo foi modificado: Pixinguinha (flauta e saxofone), J. Thomás (bateria), China (violão e voz), Donga (violão e banjo), Josué de Barros (violão), Nelson Alves (cavaquinho), J. Ribas (piano) e José Alves (bandolim e ganzá). O sucesso foi grande, mas as divergências foram maiores, e o grupo se dividiu, ficando metade sob a liderança de Pixinguinha e China, e a outra metade com Donga e Nelson Alves. O grupo liderado por Pixinguinha ficou na Argentina, enquanto que a outra parte liderada por Donga voltou ao Brasil. Os que na Argentina ficaram tiveram sérios problemas de sobrevivência. Depois de levar um golpe de um empresário que fugiu com todo o dinheiro do grupo, a única saída era apelar. E foi o que eles fizeram. Josué de Barros (que alguns anos depois seria o descobridor de Carmen Miranda) resolveu dar uma de faquir, ficando enterrado vivo durante dez dias, para ver se arranjavam dinheiro para pelo menos voltar para o Brasil, mas no terceiro ou quarto dia teve que desistir da idéia, pois o calor era grande e a esposa do chefe de polícia, sensibilizada, pediu que ele desistisse. O retorno ao Brasil se deu com a ajuda do consulado brasileiro em Buenos Aires.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O BLUES, CANTADO E TOCADO DO JEITO QUE A GENTE SENTE, LIVRE, LEVE E SOLTO

Sobre o Blues há muitas histórias, sabemos que esse fascinante gênero musical tem suas origens firmadas em solo africano, desenvolvendo-se em Estados com forte presença negra nos EUA como o Mississipi, Louisiana e Alabama. O Blues é um filho da diáspora negra, inseriu-se no seio de uma comunidade em volta a todos os tipos de dissabores. Ele é fruto de uma intervenção coletiva acrescida de várias vivências e dramas pessoais.

As canções de trabalho nas duras lidas no campo, as canções religiosas das Igrejas Negras e as canções dos campos de prisioneiros estão nas suas origens. Os chamados Hollers, ou gritos entoados nas canções, eram uma herança trazida da África e são fartamente presenciados no Blues. O improviso, a técnica das perguntas e respostas repetidas, também são outras características sua.  

No entanto, o Blues não deve ser visto apenas como uma música para o entretenimento. Ele desde suas origens teve um forte componente social. Os seus criadores viveram em condições de vidas dificílimas. Nele se cantam sobre paixões, jogatinas, pactos, desilusões, alcoolismos, amantes, sexo, mas há outras importantes narrativas em que vários questionamentos e denúncias estiveram presentes como, por exemplo, a crítica feita à cristianização forçada dos negros em versos do século XIX.

“White man use whip              “O branco usa o chicote
White man uses trigger              O branco usa o gatilho
But the Bible and Jesus              Mas a Bíblia e Jesus
Mad a slave of the nigger”         Fizeram do negro um escravo"

O Blues possui muitos encantos, podemos falar que possui mesmo uma forte magia, hoje possui admiradores em várias partes, há muitos anos extrapolou o contexto rural em que foi gerado. A sua presença é forte já a um bom tempo no cenário da música internacional. O Blues é um símbolo da resistência musical negro-africana que nunca se curvou, sempre irreverente, tenso, livre, leve e solto. Vida longa ao Blues. Com a palavra “Big Bill Broonzy”:

“...pra que eu possa cantar o velho blues que aprendi no Mississipi, tenho que voltar ao meu som e não aos acordes corretos que mandam os músicos tocar. É que eles não lidam com o blues de verdade...os blues não saíram de nenhum livro, mas os acordes saíram...o verdadeiro blues é tocado e cantado do jeito que a gente sente; e nenhum homem ou mulher sente a mesma coisa todo dia”.

domingo, 11 de setembro de 2011

Clementina de Jesus, Simplesmente, Clementina.

A trajetória de Clementina poderia ter passado em branco se não fosse um encontro determinante - e o Brasil ficaria com uma lacuna em sua história musical.

Nana Vaz de Castro
06/02/2001

A Biografia completa de Clementina de Jesus pode ser encontrada no Site:
http://cliquemusic.uol.com.br/materias/ver/uma-biografia-como-tantas-outras

O que impressiona é a ligação que ela fazia entre a nossa herança africana e uma capacidade musical e vocal extraordinária. Era uma intérprete maravilhosa", diz Turíbio Santos, que a considera uma espécie de Louis Armstrong brasileiro. Seu repertório, em grande parte resgatado por ela mesma da memória das festas religiosas e dos cantos da mãe, era um exemplo academicamente perfeito da força da tradição oral na cultura afro-brasileira. Assim, Clementina passou a ser considerada uma espécie de elo perdido na conexão entre a África e o Brasil.
"Clementina teve uma importância cultural muito grande em termos não só de interpretação mas também de repertório, no início de sua carreira. Ela era mais jongueira e partideira do que sambista. Uma parte do resgate do jongo e do partido-alto deve-se a ela. E do lundu também, na sua essência, bem rústica, como ela cantava. Ela fica na fronteira entre a música popular brasileira e o folclore", diz Elton Medeiros, que acompanhou Clementina durante muitos anos, desde a estréia no Teatro Jovem.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Donga, Grande Mestre! AXÉ!

Donga

A Biografia completa de Donga você poderá acessar no site:http://musicachiado.webs.com/Biografias/BiografiaDonga.htm
    Ernesto Joaquim Maria dos Santos, compositor e violonista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 5/4/1889 e morreu na mesma cidade no dia 25/9/1974.
    Filho de pai pedreiro e bombardinista e da famosa Tia Amélia (Amélia Silvana de Araújo), mãe-de-santo, cantadeira de modinhas, festeira, uma das baianas do bairro da Cidade Nova (com Tia Ciata, Tia Presciliana de Santo Amaro, Tia Gracinda, Tia Verdiana...) que fundaram ranchos onde cultivavam sessões de candomblé e sambas.
    Sempre foi Donga, apelido familiar atribuído desde menino. Por freqüentar desde criança as rodas de ex-escravos e negros baianos, aprendeu a coreografia do jongo, afoxé, inclusive as danças derivadas do candomblé e macumba. Com João da Baiana formou uma conhecida dupla de capadócios...