Sobre o Blues há muitas histórias, sabemos que esse fascinante gênero musical tem suas origens firmadas em solo africano, desenvolvendo-se em Estados com forte presença negra nos EUA como o Mississipi, Louisiana e Alabama. O Blues é um filho da diáspora negra, inseriu-se no seio de uma comunidade em volta a todos os tipos de dissabores. Ele é fruto de uma intervenção coletiva acrescida de várias vivências e dramas pessoais.
As canções de trabalho nas duras lidas no campo, as canções religiosas das Igrejas Negras e as canções dos campos de prisioneiros estão nas suas origens. Os chamados Hollers, ou gritos entoados nas canções, eram uma herança trazida da África e são fartamente presenciados no Blues. O improviso, a técnica das perguntas e respostas repetidas, também são outras características sua.
No entanto, o Blues não deve ser visto apenas como uma música para o entretenimento. Ele desde suas origens teve um forte componente social. Os seus criadores viveram em condições de vidas dificílimas. Nele se cantam sobre paixões, jogatinas, pactos, desilusões, alcoolismos, amantes, sexo, mas há outras importantes narrativas em que vários questionamentos e denúncias estiveram presentes como, por exemplo, a crítica feita à cristianização forçada dos negros em versos do século XIX.
“White man use whip “O branco usa o chicote
White man uses trigger O branco usa o gatilho
But the Bible and Jesus Mas a Bíblia e Jesus
Mad a slave of the nigger” Fizeram do negro um escravo"
O Blues possui muitos encantos, podemos falar que possui mesmo uma forte magia, hoje possui admiradores em várias partes, há muitos anos extrapolou o contexto rural em que foi gerado. A sua presença é forte já a um bom tempo no cenário da música internacional. O Blues é um símbolo da resistência musical negro-africana que nunca se curvou, sempre irreverente, tenso, livre, leve e solto. Vida longa ao Blues. Com a palavra “Big Bill Broonzy”:
“...pra que eu possa cantar o velho blues que aprendi no Mississipi, tenho que voltar ao meu som e não aos acordes corretos que mandam os músicos tocar. É que eles não lidam com o blues de verdade...os blues não saíram de nenhum livro, mas os acordes saíram...o verdadeiro blues é tocado e cantado do jeito que a gente sente; e nenhum homem ou mulher sente a mesma coisa todo dia”.
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