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terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Capoeira tem Origens e Marca!


Você pediu Angola, Angola eu vou tocar...

A Capoeira hoje apresentada ao mundo pelas agências de informações do Brasil como um fruto da cultura brasileira, de sua suposta integração étnico-racial e de um povo miscigenado, vem sendo alvo de ações que já ocorreram com outras produções artístico-culturais de matrizes africanas como a exemplos dos gêneros musicais, o chorinho aqui no Brasil, o Rock nos EUA, como também das Escolas de Samba, ou seja, de um seletivo processo de embranquecimento.

Estas mesmas fontes que hoje tecem essas impressionantes imagens sobre a capoeira, também foram no passado seus algozes. A sutil estratégia intenta esvaziá-la de seu conteúdo étnico-racial, assim como de seus pressupostos políticos e sociais. Ela foi criada no seio de uma comunidade, construiu referências, contrapôs as tentativas lusitanas de imposição de uma hegemonia cultural no Brasil.

As suas origens Bantu forjaram lideranças ligadas às religiões de origens africanas, as diversas organizações sócio-culturais como os blocos de afoxé, maracatu, associações de trabalhadores, escola de samba etc. Portanto foi forjada dentro de um contexto de inserção do negro na sociedade brasileira, subvertendo os seus supostos valores morais e civilizatórios ditados por uma elite que tinha a mente na Europa e torcia o nariz para tudo que lembrasse a negro.

A capoeira se insere em uma ampla rede de ações pertencentes à diáspora negra. Desfigurá-la, portanto de suas origens é descontextualizá-la de seu conteúdo. É bom ficar bem atento quanto a essa questão, a capoeira tem origens e marca. Caso pudéssemos falar inclusive em propriedade intelectual não seria exagerado. A capoeira não é fruto de integração racial nenhuma e muito mesmo de uma suposta miscigenação, ela é fruto sim, de uma intervenção coletiva negro-africana no Brasil. Vejamos então essa antiga cantiga de capoeira que aprendi com meus saudosos mestres Betim e Daí:

Meu Deus que barulho é esse?
Que vem La da porta do mercado,
Era um navio negreiro
Trazendo escravo acorrentado,
Meu Deus eu já fui escravo,
Acorrentado em corrente de Ouro,
Eu sou angoleiro,
Angoleiro das minas de ouro...
               

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

........................Sônia Abíké RIBEIRO: Poesia Afro-Brasileira

Negra-ação para Negação e Negra ação
 Pensaram em matar minha vida, Negando minha água
 Pensaram em tirar minha força, Negando meu ar
 Pensaram em arrancar minhas atitudes, Negando meu vento
Pensaram em desviar meus caminhos, Negando meu fogo
Pensaram que iam, desviar minha Negra ação me colocando como Negação
 MAIS   eu Voltei NEGRA-AÇÃO
 Reconstrui minha ORI-ÁFRICA, DENEGRINDO MINHA AÇÃO
 Nos caminhos de DECISÃO e DEVIR no fogo e ferro de ESÚ E OGUM
Nos ventos de ATITUDES e ações POLÍTICAS OYA/YANSÃ
Nos fogos e labaredas de JUSTIÇA de INTELECTUALIDADE DE  XANGÔ
Nas forças e cuidado da MÃE TERRA E DA VIDA com XAPANÃ, OBÁLÚÁYE. ÓMULÚ
Nas estratégias de OXOSSI e OSSAIN
Nas escutas sensíveis de OBÁ
Na maternidade coletiva e a oralidade de NANA
NAS astúcias e espertezas dos YBEJIS e ÊRES
  Nas FORÇAS DA VIDA e FERTILIDADE DE IDÉIAS das águas de OXUM E YEMONJÁ
No sopro sagrado dos ares de forças e perseverança OXALÁ
Voltei NEGRA-AÇÃO
Enfim.....Encontrei minhas origens , NEGRA AÇÃO encontrei minhas ORIGENS SOMANDO AS  PARCELAS  ANCESTRAL
voltei NEGRA-AÇÃO  para me tornar  EU ... NÓS...INTEIRA NEGRA  AÇÃO MULHER.
........................Sônia Abíké  RIBEIRO





Heitor dos Prazeres, Grande Mestre do Samba!

A Biografia completa de Heitor dos Prazeres pode ser encontrada no site a seguir:  http://www.heitordosprazeres.com.br/hp/biografia/index.asp

A partir daí Heitor caiu no mundo: cavaquinho em punho, caixa de engraxate e a bolsa ao lado de carregar os jornais, saiu ele na conquista de sua cidade e de sua formação nesta grande escola da vida, dedilhando seu instrumento, deixando-se levar pela magia daquele som, descobrindo acordes, tentando conhecê-los mais intimamente.
Nas redondezas de seu bairro, preferia os pontos onde existia música, como as cervejarias da Praça Onze, com suas sessões de cinema mudo, animadas por pianistas ou pequenos conjuntos musicais que fascinavam o garoto Lino, ali assistindo do lado de fora, atento aos movimentos dos músicos que tiravam sons de seus instrumentos a cada movimento das cenas filmadas. Ele gostava também dos cafés nos arredores da Lapa, onde ia ouvir as orquestrinhas de valsas e choros que animavam as noites da bela época do Rio de Janeiro. Ao fim de cada apresentação, o maestro passava seu elegante chapéu de palha entre os freqüentadores, arrecadando dinheiro para os instrumentistas, que geralmente no fim das noitadas arranjavam propostas para serenatas dedicadas às pretendidas dos mais românticos freqüentadores daqueles requintados cafés.
Nos Prazeres das noites cariocas ele foi crescendo. E nos carnavais, já

sábado, 27 de agosto de 2011

Ismael Silva, Bamba do Samba!

 Ismael Silva, um dos Grandes Bambas do Samba!
Sua Bibliografia completa pode ser acessada pelo seguinte site:

Os ranchos tinham música própria, cadenciada e foliões bem-comportados que marchavam pelas ruas ao som da marcha-rancho. Esse ritmo lento não agradava os foliões das novas gerações, que buscavam algo mais alegre para o carnaval. Pensando nisso, e também em se livrar da perseguição policial que sofriam, em 1928 Ismael e seus companheiros do Estácio formaram um bloco chamado Deixa falar, que desfilou em 1929 ao som de um ritmo mais acelerado do que o ritmo dos ranchos, com surdos e tamborins marcando esse novo andamento, o samba. Esse bloco foi o precursor das Escolas de Samba, e o curioso nome Deixa falar surgiu porque outros blocos ou "agrupamentos" de outros bairros criticavam muito os sambistas do Estácio, que respondiam simplesmente com a expressão "Deixa falar". Já a palavra "escola", segundo Ismael, surgiu baseada no fato de haver uma escola de ensino normal nas imediações do bairro. Se aquela era uma escola "normal", que formaria professores para a rede escolar, a Deixa falar seria uma escola de samba, pois formaria professores de samba!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Agnello Regalla: Poeta de Guiné Bissau


O Eco do Pranto

Não me digas
Que essa é a voz de uma criança
Não...
A voz da criança
É suave e mansa
É uma voz que dança...
Não me digas
Que essa voz é de uma criança
Parece mais
Um grito sem esperança
Um eco
Partindo de fundo de um beco
Não me digas
Que essa voz é uma voz de uma criança,
Essa é doce e mansa
É uma voz que dança...
Esta parece mais
Um grito sufocado sob o manto
- O eco do pranto

Amar

Amar
É o mesmo que escrever
Docemente,
Amargo,
Mas incompleto

Flor Nocturna

Flor Nocturna
Que com a lua
Desabrochas em meus braços
Flor soturna
Que pelas sombras da rua
Guia teus passos,
Flor amiga
Com pétalas de estrelas
E restas de luar
Deambula noctívaga
Pelas vielas
E vem-me abraçar.

Átomo

Vi uma criança
Dobrar-se inocente
Sob o peso da bomba.
Vi o átomo
Desagregar-se em morte
E cobrir em cogumelo
A Humanidade,
E lágrimas de sangue
Ergueram-se
Em orgiva
Sobre o deserto,
E lá longe,
Uma pomba branca
Que sobreviveu
Sem arca e sem Noé
Chorou a loucura do Homem.

Extraído de: Portuguesia contraantologia – Minas entre os povos da mesma língua. Org. Wilmar Silva. Belo Horizonte: Anome Livros, 2009. 507 p. ( c/CD) ISBN 978-8598378-345-5 www.anamelivros.com.br-anomelivros@anomelivros.com.br

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Livro diz que africano descobriu a América


Um imperador africano que governou a região de Mali no século XIV teria descoberto a América cerca de 200 anos antes de Cristovão Colombo. Ele teria desembarcado em Pernambuco no ano de 1312. Pelo menos é o que afirma um historiador malinês, Gaoussou Diawara, que publicou um livro sobre o assunto, entitulado "A Saga de Abubakari II ... Ele Partiu com 2000 Barcos".

Segundo Diawara, o imperador Abubakari II abdicou de todo o seu poder e fortuna para partir numa grande expedição. A meta do imperador malinês era descobrir se o oceano atlântico tinha outra margem - como tinha o rio Niger, que cortava os seus domínios.

Vasto império

O livro se baseia em uma pesquisa sobre as expedições do imperador que vem sendo feito em Mali por uma equipe coordenada por Tiemoko Konake. Segundo ele, Abubakari II governou o que, talvez, foi o império mais vasto e rico da história - cobrindo praticamente todo o oeste da África.

Em 1311, ele teria abdicado do seu trono em nome de seu irmão, Kankou Moussa, e iniciado a grande viagem pelo oceano com centenas de outros barcos.
A esquadra de Abubakari, com homens, mulheres e gado, iniciou sua jornada a partir do litoral do que hoje é a Gâmbia.

Pernambuco

Estudiosos afirmam que ele teria chegado em 1312 à costa de Pernambuco, na região de Recife. Segundo Tiemoko Konate, que coordenou o projeto de pesquisa em Mali, "o nome Pernambuco, seria uma modificação do nome dado aos campos da região de extração de ouro de Boure Bambouk, que originou grande parte da riqueza do império Malinês".

Mas, de acordo com Tiemoko Kornake, o imperador malinês não teria sido o primeiro explorador a cruzar os oceanos. Ele lembra que há evidências que sugerem que os vikings chegaram à América muito antes, e mesmo os chineses teriam feito o mesmo.

Colombo

O pesquisador explica que está analisando relatos feitos pelo próprio Cristovão Colombo, que comprovariam que Abubakari chegou, de fato, ao Brasil. Colombo teria encontrado comerciantes negros em terras americanas.

Outra pista seria a análise do ouro encontrado em algumas lanças encontradas na América, que comprovariam que o metal era originário do oeste africano.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2000/001214_explora.shtml

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

AMÉLIA DALOMBA : Poetisa Angolana

Poetisa e jornalista angolana, Amélia Dalomba, nome literário de Maria Amélia Gomes Barros da Lomba do Amaral (Tichinha), nasceu no dia 23 de Novembro de 1961, no enclave de Cabinda, no Norte de Angola.
Estuda Psicologia Geral e simultaneamente desenvolve a sua actividade profissional na área do jornalismo, nomeadamente o jornalismo radiofónico e de imprensa. É colaboradora do Jornal de Angola , tendo publicado alguns dos seus textos poéticos na sua página cultural.
Obras publicadas: "Ânsia" (1995), "Sacrossanto Refúgio" (1996), "Espiga do Sahel" (2004) e "Noites ditas à chuva" (2005).

A Canção do silêncio

A canção do silêncio é um poema ao suspiro
Mergulhado
Na profundeza do Índigo

O olhar de uma santa de barro

A linha do equador à deriva do pensamento
Gelo e sal e larva e mel

A canção do silêncio

Na milésima de tempo

A inversão do mundo nos cabelos do infinito
Uma lua apagada de prazer
A razão é um jardim florido pela ilusão
Na milésima de tempo de uma entrega

Frases feitas

Difícil é cantar comum pensamento
Sombras em frases feitas onde nada é tão antigo
Como chegar e partir

Herança de morte

Lírios em mãos de carrascos
Pombal à porta de ladrões
Filho de mulher à boca do lixo
Feridas gangrenadas sobre pontes quebradas
Assim construímos África nos cursos de herança e morte
Quando a crosta romper os beiços da terra
O vento ditará a sentença aos deserdados
Um feixe de luz constante na paginação da história
Cada ser um dever e um direito
Na voz ferida todos os abismos deglutidos pela esperança

Mãos
Mãos desenham raízes dos cânticos da terra
Geram vida na identidade da flor entre o espírito da letra
Engendram salmos na inserção da cruz às preces das dores
Mãos são séculos de páginas aos joelhos de Fátima
São lágrimas ao altar do desespero

Extraídos de TODOS OS SONHOS - Antologia da Poesia Moderna Angolana. Org. Adriano Botelho de Vasconcelos. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2005.

Página publicada em setembro de 2010

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

José Pedro da Silva Campos - Poeta de Moçambique.

             José Pedro da Silva Campos d´Oliveira na Ilha de Moçambique. Poeta e contista.
             Obra publicada: O mancebo e rovador Campos Oliveira (1985), org. de Manuel Ferreira.

A UMA VIRGEM
(Improviso)
Motora dos meus martírios!
Causa da minha saudade!
Ingénua e casta deudade!
Minha terna inspiração!
Condoi-te da triste sorte
Do jovem que te ama tanto,
Que por ti verte agro pranto
Gerado no coração!
Rasga-me o peito, se queres,
E vê nele a intensa chama,
Que há três anos o inflama
Em cruas dores, sem fim...
De padecer já cansado
Vou sentindo a morte dura
Arrastar-me à sepultura,
E na flor da idade assim!...

E podes ser tão tirana,
Que possas ver indif´rente
D´anos de´nove somente
Morrer o teu trovador?!
Ai! Não! Alenta-me a vida,
Reprime esta dor infinda
Dando-me só, virgem linda,
O teu puro e casto amor!...


O PESCADOR DE MOÇAMBIQUE

— Eu nasci em Moçambique,
de pais humildes provim,
a cor negra que eles tinham
é a cor que tenho em mim;
sou pescador desde a infância,
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei.

Antes que o sol se levante
eis que junto à praia estou;
se ao repouso marco as horas
à preguiça não as dou;
em frágil casquinha leve,
sempre longe do meu lar,
ando entregue ao vento e às ondas
sem a morte recear.

Ter contínuo a vida em risco
é triste coisa — sei que é!
mas do mar não teme as iras
quem em Deus depõe a fé;
é pequena a recompensa
da vida custosa assim;
mas se a forme não me mata
que me importa o resto a mim?
Vou da Cabeceira às praias,
atravesso  Mussuril,
traje embora o céu d´escuro,
u todo seja d´anil;
de Lumbo visito as águas
e assim vou até S ancul,
chego depois ao mar-alto
sopre o note ou ruja o sul.

Só à noite a casca atraco
para o corpo repousar,
e ao pé da mulher que estimo
ledas horas ir passar:
da mulher doces carícias
também quer o pescador,
pois d´esta vida os pesares
faz quase esquecer o amor!

Sou pescador desde a infância
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei;
e enquanto tiver os braços,
a pá e a casquinha ali,
viverei sempre contente
neste lidar que escolhi! —


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Aguinaldo Fonseca - Poeta de Cabo Verde/África

 
Nasceu em Cabo Verde, em 1922. Sua poesia é muito difundida na web e em obras coletivas em diversos países.
  
MÃE NEGRA-

A mãe negra embala o filho.
Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.
Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.
É para o céu que ela canta,
Que o céu
Às vezes também é negro.
No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
—Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
A mãe negra não tem casa
Nem carinhos de ninguém...
A mãe negra é triste, triste,
E tem um filho nos braços...
Mas olha o céu estrelado
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade...


CANÇÃO DOS RAPAZES DA ILHA

Eu sei que fico.
Mas o meu sonho irá
pelo vento, pelas nuvens, pelas asas.

Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...

Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos frutos, nos colares
E nas fotografias da terra,
Comprados por turistas estrangeiros
Felizes e sorridentes.
Eu sei que fico mas o meu sonho irá ...

Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Metido na garrafa bem rolhada
Que um dia hei de atirar ao mar.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos veleiros que desenho na parede. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Velho Jim Crow, a Cor da Segregação

O Velho Jim Crow, a Cor da Segregação

Durante longos anos, os afro-americanos conviveram nos EUA com vários tipos de restrições. Dentre estas práticas constaram diversos constrangimentos como o impedimento a freqüentar determinados locais públicos, a existência de escolas para negros e escolas para branco, a segregação nos transportes públicos etc. Além de todos estes infortúnios eram constantes a violência policial, as práticas dos linchamentos, a ação de organizações racistas como a Ku-Klux-Klan, ou seja, tudo que pudesse demarcar a “superioridade da população branca sobre os não brancos”.

A expressão Jim Crow era utilizada frequentemente para se referir aos escravos negros norte-americanos e foi popularizada durante o século XIX por um artista, Thomas Rice, que retratava os negros nas letras de uma canção, mediante a formas discriminatórias, utilizando-se de imagens negativas retratando-os como idiotas inocentes, preguiçosos e infantis. A segregação nos EUA adquiriu estatuto legal, ao conjunto de leis que tinham por finalidades “colocar o negro em seu lugar” ficaram conhecidas como Segregação Jjm Crow. Tais expedientes eram comuns nos EUA, ou seja, em uma nação que durante a maior parte do século passado procurou vender ao mundo de  forma arrogante e sensacionalista que era a campeã da liberdade e da democracia.

Os afro-americanos nunca aceitaram estas imposições, em diferentes momentos organizaram intervenções contrárias ao ódio racial e a todas as suas nocivas conseqüências. No campo musical ocorreram diversas criações que repudiaram publicamente o Velho Jim Crow. Artistas de renome internacional como Nina Simone, John Lee Hooker, Billie Holyday denunciaram ao mundo os horrores de tais práticas discriminatórias. Muitos gemidos, lágrimas, loucuras, desesperos fizeram parte do cotidiano da comunidade negra norte-americana. O Blues, O Jazz, o Black Spiritual cantados de vento em prosa no mundo inteiro, catalisaram estas dores em suas performances. Hoje suas canções são admiradas por muitos em várias partes do planeta, mas é bom que nunca se esqueça que foram e continuam sendo um canto dos segregados, dos desprezados, ou seja, daqueles que fizeram também de suas vozes um poderoso e magnífico instrumento de denuncia a opressão e de apelo a uma convivência respeitosa em um mundo marcado por tantas violências. Neste sentido uma antiga canção do velho e bom Blues fala por si só: 

Jim Crow
Lincoln libertou o negro;
Porque ele esta ainda na esravidão?
Porque ele esta ainda na escravidão?
É Jim Crow

Esta é uma terra que chamamos nossa?
Porque o passeio de negros sozinhos?
Porque o passeio de negros?
É Jim Crow

Quando é hora de ir para votação
Porque o negro fcar em casa?
Porque o negro fiacar em casa?
É Jim Crow

Liberdade para todos diz-se
livre de sofre até que ele esteja morto
livre de sofrer até que ele esteja morto
É Jim Crow

Se nós acredtamos na liberdade
Pôr fim a escravidão
Pôr fim a escravidão
É Jim crow