O Eco do Pranto
Não me digas
Que essa é a voz de uma criança
Não...
A voz da criança
É suave e mansa
É uma voz que dança...
Não me digas
Que essa voz é de uma criança
Parece mais
Um grito sem esperança
Um eco
Partindo de fundo de um beco
Não me digas
Que essa voz é uma voz de uma criança,
Essa é doce e mansa
É uma voz que dança...
Esta parece mais
Um grito sufocado sob o manto
- O eco do pranto
Amar
Amar
É o mesmo que escrever
Docemente,
Amargo,
Mas incompleto
Flor Nocturna
Flor Nocturna
Que com a lua
Desabrochas em meus braços
Flor soturna
Que pelas sombras da rua
Guia teus passos,
Flor amiga
Com pétalas de estrelas
E restas de luar
Deambula noctívaga
Pelas vielas
E vem-me abraçar.
Átomo
Vi uma criança
Dobrar-se inocente
Sob o peso da bomba.
Vi o átomo
Desagregar-se em morte
E cobrir em cogumelo
A Humanidade,
E lágrimas de sangue
Ergueram-se
Em orgiva
Sobre o deserto,
E lá longe,
Uma pomba branca
Que sobreviveu
Sem arca e sem Noé
Chorou a loucura do Homem.
Extraído de: Portuguesia contraantologia – Minas entre os povos da mesma língua. Org. Wilmar Silva. Belo Horizonte: Anome Livros, 2009. 507 p. ( c/CD) ISBN 978-8598378-345-5 www.anamelivros.com.br-anomelivros@anomelivros.com.br
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