Um espaço para todos aqueles que se interessam pelas questões referentes à rica herança cultural africana na sociedade brasileira e no conjunto da diáspora negra. Um espaço de reflexão sobre as relações étnico-raciais no Brasil e no mundo. Um espaço dedicado a todos que aspiram a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática. "Nenhuma Condição Humana é Permanente",(Provérbio do povo Igbô, que habita na África Ocidental, Nigéria). Desde já a todos obrigado!
terça-feira, 30 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
........................Sônia Abíké RIBEIRO: Poesia Afro-Brasileira
Negra-ação para Negação e Negra ação
Pensaram em matar minha vida, Negando minha água
Pensaram em tirar minha força, Negando meu ar
Pensaram em arrancar minhas atitudes, Negando meu vento
Pensaram em desviar meus caminhos, Negando meu fogo
Pensaram que iam, desviar minha Negra ação me colocando como Negação
MAIS eu Voltei NEGRA-AÇÃO
Reconstrui minha ORI-ÁFRICA, DENEGRINDO MINHA AÇÃO
Nos caminhos de DECISÃO e DEVIR no fogo e ferro de ESÚ E OGUM
Nos ventos de ATITUDES e ações POLÍTICAS OYA/YANSÃ
Nos fogos e labaredas de JUSTIÇA de INTELECTUALIDADE DE XANGÔ
Nas forças e cuidado da MÃE TERRA E DA VIDA com XAPANÃ, OBÁLÚÁYE. ÓMULÚ
Nas estratégias de OXOSSI e OSSAIN
Nas escutas sensíveis de OBÁ
Na maternidade coletiva e a oralidade de NANA
NAS astúcias e espertezas dos YBEJIS e ÊRES
Nas FORÇAS DA VIDA e FERTILIDADE DE IDÉIAS das águas de OXUM E YEMONJÁ
No sopro sagrado dos ares de forças e perseverança OXALÁ
Voltei NEGRA-AÇÃO
Enfim.....Encontrei minhas origens , NEGRA AÇÃO encontrei minhas ORIGENS SOMANDO AS PARCELAS ANCESTRAL
voltei NEGRA-AÇÃO para me tornar EU ... NÓS...INTEIRA NEGRA AÇÃO MULHER.
........................Sônia Abíké RIBEIRO
Heitor dos Prazeres, Grande Mestre do Samba!
A Biografia completa de Heitor dos Prazeres pode ser encontrada no site a seguir: http://www.heitordosprazeres.com.br/hp/biografia/index.asp
A partir daí Heitor caiu no mundo: cavaquinho em punho, caixa de engraxate e a bolsa ao lado de carregar os jornais, saiu ele na conquista de sua cidade e de sua formação nesta grande escola da vida, dedilhando seu instrumento, deixando-se levar pela magia daquele som, descobrindo acordes, tentando conhecê-los mais intimamente.
Nas redondezas de seu bairro, preferia os pontos onde existia música, como as cervejarias da Praça Onze, com suas sessões de cinema mudo, animadas por pianistas ou pequenos conjuntos musicais que fascinavam o garoto Lino, ali assistindo do lado de fora, atento aos movimentos dos músicos que tiravam sons de seus instrumentos a cada movimento das cenas filmadas. Ele gostava também dos cafés nos arredores da Lapa, onde ia ouvir as orquestrinhas de valsas e choros que animavam as noites da bela época do Rio de Janeiro. Ao fim de cada apresentação, o maestro passava seu elegante chapéu de palha entre os freqüentadores, arrecadando dinheiro para os instrumentistas, que geralmente no fim das noitadas arranjavam propostas para serenatas dedicadas às pretendidas dos mais românticos freqüentadores daqueles requintados cafés.
Nos Prazeres das noites cariocas ele foi crescendo. E nos carnavais, já
sábado, 27 de agosto de 2011
Ismael Silva, Bamba do Samba!
Ismael Silva, um dos Grandes Bambas do Samba!
Os ranchos tinham música própria, cadenciada e foliões bem-comportados que marchavam pelas ruas ao som da marcha-rancho. Esse ritmo lento não agradava os foliões das novas gerações, que buscavam algo mais alegre para o carnaval. Pensando nisso, e também em se livrar da perseguição policial que sofriam, em 1928 Ismael e seus companheiros do Estácio formaram um bloco chamado Deixa falar, que desfilou em 1929 ao som de um ritmo mais acelerado do que o ritmo dos ranchos, com surdos e tamborins marcando esse novo andamento, o samba. Esse bloco foi o precursor das Escolas de Samba, e o curioso nome Deixa falar surgiu porque outros blocos ou "agrupamentos" de outros bairros criticavam muito os sambistas do Estácio, que respondiam simplesmente com a expressão "Deixa falar". Já a palavra "escola", segundo Ismael, surgiu baseada no fato de haver uma escola de ensino normal nas imediações do bairro. Se aquela era uma escola "normal", que formaria professores para a rede escolar, a Deixa falar seria uma escola de samba, pois formaria professores de samba!
Sua Bibliografia completa pode ser acessada pelo seguinte site:
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Agnello Regalla: Poeta de Guiné Bissau
O Eco do Pranto
Não me digas
Que essa é a voz de uma criança
Não...
A voz da criança
É suave e mansa
É uma voz que dança...
Não me digas
Que essa voz é de uma criança
Parece mais
Um grito sem esperança
Um eco
Partindo de fundo de um beco
Não me digas
Que essa voz é uma voz de uma criança,
Essa é doce e mansa
É uma voz que dança...
Esta parece mais
Um grito sufocado sob o manto
- O eco do pranto
Amar
Amar
É o mesmo que escrever
Docemente,
Amargo,
Mas incompleto
Flor Nocturna
Flor Nocturna
Que com a lua
Desabrochas em meus braços
Flor soturna
Que pelas sombras da rua
Guia teus passos,
Flor amiga
Com pétalas de estrelas
E restas de luar
Deambula noctívaga
Pelas vielas
E vem-me abraçar.
Átomo
Vi uma criança
Dobrar-se inocente
Sob o peso da bomba.
Vi o átomo
Desagregar-se em morte
E cobrir em cogumelo
A Humanidade,
E lágrimas de sangue
Ergueram-se
Em orgiva
Sobre o deserto,
E lá longe,
Uma pomba branca
Que sobreviveu
Sem arca e sem Noé
Chorou a loucura do Homem.
Extraído de: Portuguesia contraantologia – Minas entre os povos da mesma língua. Org. Wilmar Silva. Belo Horizonte: Anome Livros, 2009. 507 p. ( c/CD) ISBN 978-8598378-345-5 www.anamelivros.com.br-anomelivros@anomelivros.com.br
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Livro diz que africano descobriu a América
Um imperador africano que governou a região de Mali no século XIV teria descoberto a América cerca de 200 anos antes de Cristovão Colombo. Ele teria desembarcado em Pernambuco no ano de 1312. Pelo menos é o que afirma um historiador malinês, Gaoussou Diawara, que publicou um livro sobre o assunto, entitulado "A Saga de Abubakari II ... Ele Partiu com 2000 Barcos". Segundo Diawara, o imperador Abubakari II abdicou de todo o seu poder e fortuna para partir numa grande expedição. A meta do imperador malinês era descobrir se o oceano atlântico tinha outra margem - como tinha o rio Niger, que cortava os seus domínios. Vasto império O livro se baseia em uma pesquisa sobre as expedições do imperador que vem sendo feito em Mali por uma equipe coordenada por Tiemoko Konake. Segundo ele, Abubakari II governou o que, talvez, foi o império mais vasto e rico da história - cobrindo praticamente todo o oeste da África. Em 1311, ele teria abdicado do seu trono em nome de seu irmão, Kankou Moussa, e iniciado a grande viagem pelo oceano com centenas de outros barcos. A esquadra de Abubakari, com homens, mulheres e gado, iniciou sua jornada a partir do litoral do que hoje é a Gâmbia. Pernambuco Estudiosos afirmam que ele teria chegado em 1312 à costa de Pernambuco, na região de Recife. Segundo Tiemoko Konate, que coordenou o projeto de pesquisa em Mali, "o nome Pernambuco, seria uma modificação do nome dado aos campos da região de extração de ouro de Boure Bambouk, que originou grande parte da riqueza do império Malinês". Mas, de acordo com Tiemoko Kornake, o imperador malinês não teria sido o primeiro explorador a cruzar os oceanos. Ele lembra que há evidências que sugerem que os vikings chegaram à América muito antes, e mesmo os chineses teriam feito o mesmo. Colombo O pesquisador explica que está analisando relatos feitos pelo próprio Cristovão Colombo, que comprovariam que Abubakari chegou, de fato, ao Brasil. Colombo teria encontrado comerciantes negros em terras americanas. Outra pista seria a análise do ouro encontrado em algumas lanças encontradas na América, que comprovariam que o metal era originário do oeste africano. |
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2000/001214_explora.shtml
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
AMÉLIA DALOMBA : Poetisa Angolana
Poetisa e jornalista angolana, Amélia Dalomba, nome literário de Maria Amélia Gomes Barros da Lomba do Amaral (Tichinha), nasceu no dia 23 de Novembro de 1961, no enclave de Cabinda, no Norte de Angola.
Estuda Psicologia Geral e simultaneamente desenvolve a sua actividade profissional na área do jornalismo, nomeadamente o jornalismo radiofónico e de imprensa. É colaboradora do Jornal de Angola , tendo publicado alguns dos seus textos poéticos na sua página cultural.
Obras publicadas: "Ânsia" (1995), "Sacrossanto Refúgio" (1996), "Espiga do Sahel" (2004) e "Noites ditas à chuva" (2005).
A Canção do silêncio
A canção do silêncio é um poema ao suspiro
Mergulhado
Na profundeza do Índigo
O olhar de uma santa de barro
A linha do equador à deriva do pensamento
Gelo e sal e larva e mel
A canção do silêncio
A canção do silêncio é um poema ao suspiro
Mergulhado
Na profundeza do Índigo
O olhar de uma santa de barro
A linha do equador à deriva do pensamento
Gelo e sal e larva e mel
A canção do silêncio
Na milésima de tempo
A inversão do mundo nos cabelos do infinito
Uma lua apagada de prazer
A razão é um jardim florido pela ilusão
Na milésima de tempo de uma entrega
A inversão do mundo nos cabelos do infinito
Uma lua apagada de prazer
A razão é um jardim florido pela ilusão
Na milésima de tempo de uma entrega
Frases feitas
Difícil é cantar comum pensamento
Sombras em frases feitas onde nada é tão antigo
Como chegar e partir
Herança de morte
Lírios em mãos de carrascos
Pombal à porta de ladrões
Filho de mulher à boca do lixo
Feridas gangrenadas sobre pontes quebradas
Assim construímos África nos cursos de herança e morte
Quando a crosta romper os beiços da terra
O vento ditará a sentença aos deserdados
Um feixe de luz constante na paginação da história
Cada ser um dever e um direito
Na voz ferida todos os abismos deglutidos pela esperança
Mãos
Mãos desenham raízes dos cânticos da terra
Geram vida na identidade da flor entre o espírito da letra
Engendram salmos na inserção da cruz às preces das dores
Mãos são séculos de páginas aos joelhos de Fátima
São lágrimas ao altar do desespero
Geram vida na identidade da flor entre o espírito da letra
Engendram salmos na inserção da cruz às preces das dores
Mãos são séculos de páginas aos joelhos de Fátima
São lágrimas ao altar do desespero
Extraídos de TODOS OS SONHOS - Antologia da Poesia Moderna Angolana. Org. Adriano Botelho de Vasconcelos. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2005.
Página publicada em setembro de 2010
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
José Pedro da Silva Campos - Poeta de Moçambique.
José Pedro da Silva Campos d´Oliveira na Ilha de Moçambique. Poeta e contista.
Obra publicada: O mancebo e rovador Campos Oliveira (1985), org. de Manuel Ferreira.
A UMA VIRGEM
(Improviso)
Motora dos meus martírios!
Causa da minha saudade!
Ingénua e casta deudade!
Minha terna inspiração!
Condoi-te da triste sorte
Do jovem que te ama tanto,
Que por ti verte agro pranto
Gerado no coração!
Causa da minha saudade!
Ingénua e casta deudade!
Minha terna inspiração!
Condoi-te da triste sorte
Do jovem que te ama tanto,
Que por ti verte agro pranto
Gerado no coração!
Rasga-me o peito, se queres,
E vê nele a intensa chama,
Que há três anos o inflama
Em cruas dores, sem fim...
De padecer já cansado
Vou sentindo a morte dura
Arrastar-me à sepultura,
E na flor da idade assim!...
E podes ser tão tirana,
Que possas ver indif´rente
D´anos de´nove somente
Morrer o teu trovador?!
Ai! Não! Alenta-me a vida,
Reprime esta dor infinda
Dando-me só, virgem linda,
O teu puro e casto amor!...
O PESCADOR DE MOÇAMBIQUE
— Eu nasci em Moçambique,
de pais humildes provim,
a cor negra que eles tinham
é a cor que tenho em mim;
sou pescador desde a infância,
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei.
Antes que o sol se levante
eis que junto à praia estou;
se ao repouso marco as horas
à preguiça não as dou;
em frágil casquinha leve,
sempre longe do meu lar,
ando entregue ao vento e às ondas
sem a morte recear.
Ter contínuo a vida em risco
é triste coisa — sei que é!
mas do mar não teme as iras
quem em Deus depõe a fé;
é pequena a recompensa
da vida custosa assim;
mas se a forme não me mata
que me importa o resto a mim?
E vê nele a intensa chama,
Que há três anos o inflama
Em cruas dores, sem fim...
De padecer já cansado
Vou sentindo a morte dura
Arrastar-me à sepultura,
E na flor da idade assim!...
E podes ser tão tirana,
Que possas ver indif´rente
D´anos de´nove somente
Morrer o teu trovador?!
Ai! Não! Alenta-me a vida,
Reprime esta dor infinda
Dando-me só, virgem linda,
O teu puro e casto amor!...
O PESCADOR DE MOÇAMBIQUE
— Eu nasci em Moçambique,
de pais humildes provim,
a cor negra que eles tinham
é a cor que tenho em mim;
sou pescador desde a infância,
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei.
Antes que o sol se levante
eis que junto à praia estou;
se ao repouso marco as horas
à preguiça não as dou;
em frágil casquinha leve,
sempre longe do meu lar,
ando entregue ao vento e às ondas
sem a morte recear.
Ter contínuo a vida em risco
é triste coisa — sei que é!
mas do mar não teme as iras
quem em Deus depõe a fé;
é pequena a recompensa
da vida custosa assim;
mas se a forme não me mata
que me importa o resto a mim?
Vou da Cabeceira às praias,
atravesso Mussuril,
traje embora o céu d´escuro,
u todo seja d´anil;
de Lumbo visito as águas
e assim vou até S ancul,
chego depois ao mar-alto
sopre o note ou ruja o sul.
Só à noite a casca atraco
para o corpo repousar,
e ao pé da mulher que estimo
ledas horas ir passar:
da mulher doces carícias
também quer o pescador,
pois d´esta vida os pesares
faz quase esquecer o amor!
Sou pescador desde a infância
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei;
e enquanto tiver os braços,
a pá e a casquinha ali,
viverei sempre contente
neste lidar que escolhi! —
atravesso Mussuril,
traje embora o céu d´escuro,
u todo seja d´anil;
de Lumbo visito as águas
e assim vou até S ancul,
chego depois ao mar-alto
sopre o note ou ruja o sul.
Só à noite a casca atraco
para o corpo repousar,
e ao pé da mulher que estimo
ledas horas ir passar:
da mulher doces carícias
também quer o pescador,
pois d´esta vida os pesares
faz quase esquecer o amor!
Sou pescador desde a infância
e no mar sempre vaguei;
a pesca me dá sustento,
nunca outro mister busquei;
e enquanto tiver os braços,
a pá e a casquinha ali,
viverei sempre contente
neste lidar que escolhi! —
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Aguinaldo Fonseca - Poeta de Cabo Verde/África
Nasceu em Cabo Verde, em 1922. Sua poesia é muito difundida na web e em obras coletivas em diversos países.
MÃE NEGRA-
A mãe negra embala o filho.Canta a remota cançãoQue seus avós já cantavamEm noites sem madrugada.Canta, canta para o céuTão estrelado e festivo.É para o céu que ela canta,Que o céuÀs vezes também é negro.No céuTão estrelado e festivoNão há branco, não há preto,Não há vermelho e amarelo.—Todos são anjos e santosGuardados por mãos divinas.A mãe negra não tem casaNem carinhos de ninguém...A mãe negra é triste, triste,E tem um filho nos braços...Mas olha o céu estreladoE de repente sorri.Parece-lhe que cada estrelaÉ uma mão acenandoCom simpatia e saudade...
CANÇÃO DOS RAPAZES DA ILHA
Eu sei que fico.Mas o meu sonho irápelo vento, pelas nuvens, pelas asas.
Eu sei que ficoMas o meu sonho irá ...
Eu sei que ficoMas o meu sonho iráNos frutos, nos colaresE nas fotografias da terra,Comprados por turistas estrangeirosFelizes e sorridentes.Eu sei que fico mas o meu sonho irá ...
Eu sei que ficoMas o meu sonho iráMetido na garrafa bem rolhadaQue um dia hei de atirar ao mar.Eu sei que ficoMas o meu sonho irá ...sei que ficoMas o meu sonho irá
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
O Velho Jim Crow, a Cor da Segregação
O Velho Jim Crow, a Cor da Segregação
Durante longos anos, os afro-americanos conviveram nos EUA com vários tipos de restrições. Dentre estas práticas constaram diversos constrangimentos como o impedimento a freqüentar determinados locais públicos, a existência de escolas para negros e escolas para branco, a segregação nos transportes públicos etc. Além de todos estes infortúnios eram constantes a violência policial, as práticas dos linchamentos, a ação de organizações racistas como a Ku-Klux-Klan, ou seja, tudo que pudesse demarcar a “superioridade da população branca sobre os não brancos”.
A expressão Jim Crow era utilizada frequentemente para se referir aos escravos negros norte-americanos e foi popularizada durante o século XIX por um artista, Thomas Rice, que retratava os negros nas letras de uma canção, mediante a formas discriminatórias, utilizando-se de imagens negativas retratando-os como idiotas inocentes, preguiçosos e infantis. A segregação nos EUA adquiriu estatuto legal, ao conjunto de leis que tinham por finalidades “colocar o negro em seu lugar” ficaram conhecidas como Segregação Jjm Crow. Tais expedientes eram comuns nos EUA, ou seja, em uma nação que durante a maior parte do século passado procurou vender ao mundo de forma arrogante e sensacionalista que era a campeã da liberdade e da democracia.
Os afro-americanos nunca aceitaram estas imposições, em diferentes momentos organizaram intervenções contrárias ao ódio racial e a todas as suas nocivas conseqüências. No campo musical ocorreram diversas criações que repudiaram publicamente o Velho Jim Crow. Artistas de renome internacional como Nina Simone, John Lee Hooker, Billie Holyday denunciaram ao mundo os horrores de tais práticas discriminatórias. Muitos gemidos, lágrimas, loucuras, desesperos fizeram parte do cotidiano da comunidade negra norte-americana. O Blues, O Jazz, o Black Spiritual cantados de vento em prosa no mundo inteiro, catalisaram estas dores em suas performances. Hoje suas canções são admiradas por muitos em várias partes do planeta, mas é bom que nunca se esqueça que foram e continuam sendo um canto dos segregados, dos desprezados, ou seja, daqueles que fizeram também de suas vozes um poderoso e magnífico instrumento de denuncia a opressão e de apelo a uma convivência respeitosa em um mundo marcado por tantas violências. Neste sentido uma antiga canção do velho e bom Blues fala por si só:
Jim Crow
Lincoln libertou o negro;
Porque ele esta ainda na esravidão?
Porque ele esta ainda na escravidão?
É Jim Crow
Esta é uma terra que chamamos nossa?
Porque o passeio de negros sozinhos?
Porque o passeio de negros?
É Jim Crow
Quando é hora de ir para votação
Porque o negro fcar em casa?
Porque o negro fiacar em casa?
É Jim Crow
Liberdade para todos diz-se
livre de sofre até que ele esteja morto
livre de sofrer até que ele esteja morto
É Jim Crow
Se nós acredtamos na liberdade
Pôr fim a escravidão
Pôr fim a escravidão
É Jim crow
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